Fritz Müller

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1. Fritz Müller em c. 1850. In MÖLLER, A. Fritz Müller: Werke, Briefe und Leben. Vol.
3.
Jena:
Gustav Fischer, 1920. p. 41.
2. Fritz Müller. Acervo do Arquivo Histórico Dr. José Ferreira da Silva.
3. Ilustrações de Fritz Müller, em Für Darwin (1864).
4. Ilustração do artigo “Notável caso de semelhança adquirida entre as borboletas”, de Fritz
Müller, publicado na Alemanha em 1881.
5. Microscópio de Fritz Müller. Acervo do Museu de Ecologia Fritz Müller. Foto de L. R. Fontes.
6. Fritz Müller em 1865. In MÖLLER, A. Fritz Müller: Werke, Briefe und Leben. Vol. 3.
Jena:
Gustav Fischer, 1920.
7. Fritz Müller em 1891. Acervo do Arquivo Histórico Dr. José Ferreira da Silva
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Ouça a história de Fritz Müller.
Fritz
Müller
1822. Há 200 anos, nascia Johann Friedrich Theodor Müller, num pequeno
povoado da Turíngia
próximo a Erfurt, no centro do que se tornaria a Alemanha.
Filho de um pastor protestante e botânico, e neto de um farmacêutico, o jovem
Fritz logo tomaria
gosto pelo conhecimento da natureza: ajudou o pai a
construir um herbário, passeava pela
floresta e pelo campo com a família, e
convivia com importantes estudiosos na farmácia do
avô, onde também foi
aprendiz.
Como não existia a biologia, ele estudou matemática e ciências naturais no
curso de filosofia,
em que se formou. Poderia ter seguido como professor, mas
Fritz queria ter liberdade de
pensamento político e religioso, o que não era
possível no lugar onde vivia.
Teve uma ideia: estudar medicina para participar como médico de expedições
pelo mundo. No
fim, acredite: não recebeu o diploma por não concordar com o
juramento que teria de
proferir. A saída surgiu com um conhecido da família
que estava fundando uma colônia no
sul do Brasil: Hermann Blumenau. Aos 30
anos, Fritz emigrou para Santa Catarina com a
esposa, a filha mais velha e um
irmão também casado.
Uma densa Mata Atlântica os esperava. Como outros colonos pioneiros, Fritz
abria clareiras,
construía sua própria casa, plantava seus alimentos. Quatro anos
depois, naturalizou-se
brasileiro e foi contratado para dar aulas de matemática e
ciências naturais no Liceu
Provincial, uma escola em Desterro, hoje Florianópolis.
Adorou ter um mar repleto de vida
para voltar a pesquisar no tempo livre! E não
parou mais de investigar a fauna e a flora,
mesmo quando retornou a Blumenau,
após 11 anos.
Com grande capacidade de observação, ele percebia desde pequenos detalhes
até grandes
relações. O conhecimento diversificado, as habilidades de desenho
e a paixão pela
ciência e pela natureza também transpareciam em seus relatos e
questionamentos, e nos
poemas que escreveu para educar as filhas.
Fritz era assim: além de professor, envolveu-se na política e foi até juiz de paz,
celebrando casamentos. Mas ele gostava mesmo da simplicidade: de gente
modesta, do mato,
de longas caminhadas pela província para observar a
natureza viva. Na cidade, achavam-no
esquisito: sempre descalço ou de
sandálias, com um facão na cintura, um cajado e uma
lata onde guardava seus
achados.
Fritz Müller faleceu em Blumenau aos 75 anos. Nunca saiu de Santa Catarina,
nem durante
os 11 anos em que foi naturalista viajante do Museu Nacional, do
Rio de Janeiro. Com
suas contribuições à ciência, acabou se tornando um dos
mais importantes e interessantes
personagens da nossa história.
Fritz,
Friedrich,
Frederico.
Johann Friedrich Theodor Müller tinha diversos nomes.
Fritz era um apelido, o diminutivo de Friedrich. Mas foi assim que ele escolheu
assinar, até no meio científico, no formal século 19: Fritz Müller. Se você
leu ou
ouviu sua história, entende: ele gostava de simplicidade.
Também era assim que Darwin o citava: Fritz Müller ou somente Müller, se o
repetia.
Em publicações científicas, o padrão é referenciar o sobrenome. Porém, como
Müller é extremamente comum na Alemanha, havia quem preferisse chamá-lo
de
Müller-Desterro, associando-o à cidade de Desterro (Florianópolis).
Achou confuso? Pois bem, havia outra assinatura: Frederico Müller! Depois
que
Fritz se naturalizou brasileiro, esse nome aparecia em artigos e
documentos
nacionais.
Agora que ele se tornou um personagem querido em Santa Catarina e em
outros
lugares, você também vai ouvir, simplesmente, Fritz – como aqui, na De
Repente
Extraordinária!, ou no vídeo do Darwin Correspondence Project a que
você pode
assistir junto ao cartaz “A Correspondência”. Se ele vivesse hoje, com
toda
a sua simplicidade, provavelmente gostaria disso – terminaria seus e-mails
a Darwin com um “abraço do Fritz”.