Logo FM 200 anos

.

Fritz Müller completaria 200 anos em 2022. Esse naturalista
e biólogo que viveu em Santa Catarina durante 45 anos, nas
atuais Blumenau e Florianópolis, não é celebrado somente
como precursor da Ecologia e autor de mais de 250
trabalhos sobre a fauna e a flora catarinenses. Ele também
se tornou conhecido como um dos principais colaboradores
do britânico Charles Darwin, com quem se correspondeu
por 17 anos.

Darwin dizia que eles tinham mentes parecidas e que sua
opinião era uma das que mais valorizava. Segundo seu filho
Francis Darwin, entre os amigos que o pai nunca encontrou
pessoalmente, Fritz parecia ser seu predileto. A recíproca era
verdadeira: Fritz o considerava um segundo pai.

Em diversos sentidos, Darwin mudara o mundo de Fritz.
Desde que conhecera a ideia, recém-apresentada por
Darwin, de que toda a vida na Terra evoluía pela seleção
natural, Fritz nunca mais veria a natureza da mesma
maneira. Detalhes a que ele era indiferente passaram a ser
notados e ganharam novos significados. Ele concordava
com o amigo: a história natural estava se tornando
extraordinariamente atraente! Esse novo olhar que abraçara,
e, que viria a transformar a ciência e a sociedade, motivou-o
e mudou o rumo de suas pesquisas por toda a vida.

Esta é uma história sobre a abertura de um naturalista do
século 19 a uma nova ideia que transformou seu olhar, a
natureza repleta de conexões no espaço e no tempo e uma
parceria a distância – sem internet. Uma história para estes
tempos que nos exigem, mais do que nunca, repensar,
experimentar, reconhecer que dependemos uns dos outros
e colaborar.

Conheça as interessantes vida e obra de Fritz Müller e sua
especial parceria com Charles Darwin.
Explore a fascinante natureza catarinense pelo olhar de
Fritz, à luz das ideias de Darwin.
Descubra a importância histórica de um dos locais mais
movimentados de Florianópolis.

O trivial pode se tornar, de repente,
extraordinário!





Ouça a apresentação.

Conheça as interessantes vida e obra do naturalista Fritz Müller em Santa Catarina e sua extraordinária parceria com Charles Darwin.

*Darwin Correspondence Project, "Letter no. 4929A". Tradução de ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin:
A intimidade da correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 125.

Quer ouvir ou ler essa história completa?

Ilustração do livro Variation of Animals and Plants
Domestication, Charles Darwin (1868).

Detalhe modificado de "Charles
Darwin", John Collier, 188

Charles Dessalines
D'Orbigny, rawpixel.

Nate D. Sanders Auctions.

Frederick Sander, The
New York Public Library,
rawpixel.

Detalhe de "HMS Beagle in the Straits
of Magellan", R. T. Pritchett, 1890.

Pierre-Joseph Redouté, Library of Congress, rawpixel.

Darwin não foi o primeiro a dizer que as
espécies evoluíam, mas a explicar como isso
acontecia: propôs que a seleção natural era o
principal mecanismo, e que ela incluía a nós,
humanos. Sua proposta foi apresentada em A
Origem das Espécies
(1859) e explorada nas
obras seguintes, com temas tão variados como a
origem do homem, a domesticação de animais
e plantas, a expressão das emoções e minhocas.




Os indivíduos de uma espécie sempre são um pouquinho diferentes
uns dos outros. Como todos os que competem por recursos, aqueles
com características vantajosas num certo meio têm maior chance de
sobreviver e, ao se reproduzirem, transmitem-nas às próximas
gerações. Se uma população cresce, se migra e interage com
outros seres, ou se o ambiente muda, outros atributos podem se
tornar relevantes. Assim, as espécies se modificam e a diversidade
aumenta – por uma lei da natureza, independente de qualquer
intenção.

Sabe o que mais? Você, a batata e todos os seres vivos do planeta
têm um ancestral comum, na base da árvore da vida.

Sabe por quais
outros mecanismos
as espécies se
modificam?
(Descubra o que
eles têm a ver com
Darwin e com
você.)

Esquema de Darwin
em A Origem das
Espécies
(1859).

Darwin não estudou fungos, algas, protozoários e bactérias.

Esquema baseado na árvore da vida elaborada por The Open University.

Quando Fritz teve contato com A origem das Espécies,
seu olhar sobre a natureza se transformou, e Darwin
ganhou um grande colaborador até o fim da vida.
Tornaram-se amigos e mantiveram contato durante 17
anos, virtualmente - como você deve ter feito
ultimamente, só que sem internet.

Você tem ideia de
como era o mundo
em que Fritz e
Darwin viviam?
Descubra com
este quiz.

Carta de Fritz Müller, 16/01/1872 (DAR 142:55).

Anexo de carta de Fritz Müller,
14/06/1871 (DAR 142:58).

1-8, Imagens reproduzidas com a gentil permissão dos Síndicos da Biblioteca da
Universidade de Cambridge.
1-8, Images reproduced by kind permission of the Syndics of Cambridge University
Library.
3-8, Imagens encontradas por meio da pesquisa de Ana Maria Ludwig Moraes
*Darwin Correspondence Project . “Letter no.7889”, Tradução livre.
**Darwin Correspondence Project . “Letter no.5196”.
Tradução de ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin: A intimidade da correspondência entre
Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p.133

Não se faz ciência sozinho. No século 19, havia
sociedades científicas, conferências, convivência em
universidades, publicações, visitas em casa e muita
correspondência. Darwin se correspondia com cerca
de 2.000 colaboradores, alguns dos quais em
comum com Fritz.

Sabe do que mais
depende um (futuro)
cientista? Veja quanta
coisa contribuiu para
os feitos científicos de
Fritz e de Darwin!

1. Hermann Müller. Retrato de Gundolf Barenthin, CC BY 2.5.
2. Max Schultze. Pagel JL: Biographisches Lexikon hervorragender Ärzte des neunzehnten Jahrhunderts.
Berlin-Wien: Urban & Schwarzenberg, 1901.
3. Mary Treat. Retrato da Sociedade Histórica e Antiquária de Vineland, 1920.
4. Ernst Haeckel. Fotogravura a partir de F. Haack, Wellcome Collection | CC BY 4.0.
5. Asa Gray. Retrato de John A. Whipple, University of South Carolina, 1864.
6. Alexander Agassiz. Biblioteca Ernst Mayr do Museu de Zoologia Comparada, Universidade de Harvard, c. 1860.
7. Louis Agassiz. William Shaw Warren, c.1865.
8. Fritz Müller, 1877. MÖLLER, A. Fritz Müller: Werke, Briefe und Leben. Vol. 3. Jena: Gustav Fischer, 1920. p. 108.
9. Charles Darwin. Retrato de Leonard Darwin.
10. Joseph Hooker. Litografia de Thomas Herbert Maguire, 1851. Wellcome Collection | CC BY 4.0.
11. Charles Lyell. Gravura de William Henry. Wellcome Collection | CC BY 4.0.
12. Thomas Huxley. Retrato do Studio Elliott & Fry, c. 1880.
13. Alfred Wallace. Retrato de Sims, 1889. Wellcome Collection | CC BY 4.0.

Embora se chocassem com as crenças de muita gente, as
ideias de Darwin encontravam cada vez mais apoiadores,
como Fritz. Na ciência, porém, apoia-se com cautela: o que
faz sentido é investigado mais a fundo. Buscam-se provas
tanto quanto se consideram fatos que podem mudar tudo.
Com as contribuições dos colegas, a teoria de Darwin foi
revisada por ele mesmo diversas vezes - e continua a ser
atualizada, sobretudo, com as descobertas da genética, que
eles não conheciam.

*Darwin Correspondence Project, "Letter no. 6662", tradução livre.

As seis edições
em inglês de A
Origem das
Espécies

(1859-1872).

Wellcome Library, London.
Wellcome Images | CC BY 4.0.

Entendemos como as
bactérias se tornam
resistentes aos
antibióticos, como as
variantes de um vírus
aparecem e muito mais
sobre a vida na Terra.

"Coming in from the fields",
George Laugée (1853 - 1937).

O Cortiço, Aluísio
Azevedo, 1890.

Surgiu o
movimento
naturalista na
literatura, no teatro
e nas artes plásticas,
influenciado por
teorias científicas
do século 19.

Tentou-se aplicar as ideias de Darwin à
sociedade: o “darwinismo social”, que
acabou sendo usado para justificar a
eugenia, o racismo e o imperialismo,
por exemplo.

Mas não era disso que Darwin falava!



Dictionnaire pittoresque d´histoire naturelle et des
phénomènes de la nature, F. E. Guerin, 1833.

Compreendemos melhor nosso
poder de modificar espécies pela
domesticação. (Darwin também
escreveu sobre isso).

Fritz ampliou e difundiu o conhecimento
sobre a Mata Atlântica, inaugurou a Ecologia
na prática antes de ela receber um nome e foi
um dos primeiros e mais dedicados cientistas
a fornecer fatos para validar e aperfeiçoar as
ideias evolucionistas de Darwin. Essas ideias
foram uma revolução no Ocidente: tornaram-
se a base de todas as ciências da vida e
influenciaram as ciências humanas, a
espiritualidade, a política e até a arte.

Ao fundo: detalhe de A criação de Adão, Michelangelo, c. 1508-1511

Conhecemos uma nova explicação sobre
de onde viemos – por ela, nós, humanos
deixamos de ser tão especiais.

A Ecologia, especialidade que trata da
relação dos seres vivos entre si e com
o meio, desenvolveu-se.

Você tem reconhecido as pessoas que admira, que lhe inspiram,

contribuem para suas conquistas ou fazem sua vida melhor?

Que tal deixá-las um pouco mais felizes
hoje? Envie um cartão virtual para essas
pessoas extraordinárias.

Trechos de cartas diversas extraídos de ZILLIG, C. Dear Mr. Darwin: A intimidade da
correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997.

Explore a extraordinária
natureza catarinense
pelo olhar do naturalista
Fritz Müller, repleta de
conexões no espaço e
no tempo, à luz das
ideias de Charles
Darwin. Descubra o que
a Av. Beira-Mar Norte,
em Florianópolis, tem a
ver com essa história.

As águas-vivas da Ilha de Santa
Catarina podem surpreender. Não só
quando nos tocam sem aviso ou as
mais raras aparecem, mas também
por sua beleza, longos tentáculos,
corpos com até 1 metro de diâmetro
ou... seus olhos! – em algumas,
parecidos com os nossos. Fritz as
descreveu, classificou, desenhou,
nomeou e nos deu novos motivos para
prestarmos atenção nelas. Assim era a
sua pesquisa antes de conhecer
Darwin, que logo tomaria um novo
rumo.

* Do artigo «Duas novas medusas de
Santa Catarina, Tamoya haplonema
e quadruman
», de Fritz Müller,
publicado na atual Alemanha em 1859.
** Do artigo «Pólipos e medusas de
Santa Catarina - Olindias sambaquiensis
n. sp», de Fritz Müller, publicado na
atual Alemanha em 1861.

Chiropsalmus
quadrumanus
e um
dos seus oito olhos,
com lente e íris. Fritz
só viu três delas em
dois anos.

Álvaro E. Migotto/US

Ándré C. Morandini/USP

Ilustrações de Fritz.

Álvaro E. Migotto/USP

Ilustração de Fritz.

Olindias Sambaquiensis.
De vez em quando, ela
esbarra em um banhista
por aí. Ops! É um acidente,
não um ataque.

Álvaro E. Migotto/USP

Tamoya
haplonema
, também com
olhos. Dessas, Fritz podia
encontrar mais de uma
dúzia por dia.

Cada ser vivo carrega um pouco da
história de seus antepassados – na forma
como selecionam parceiros, na sua
respiração, nas semelhanças entre suas
larvas. Ao buscar a dos crustáceos na
Praia de Fora (atual Beira-Mar Norte, em
Florianópolis), Fritz descobriu relações de
parentesco e partes do corpo que a
seleção natural previa ou explicava. Não é
maravilhoso quando tudo faz sentido? As
novas ideias de Darwin, testadas ali pela
primeira vez, ganharam força com essas
evidências, publicadas no livro Für
Darwin
(1864).

*MÜLLER, Fritz. Para Darwin = Für Darwin, 1864. Traduzido do alemão por Luiz Roberto Fontes e Stefano
Hagen. 2. ed. rev. ampl. Florianópolis: Editora da UFSC, 2017.
**Darwin Correspondence Project, "Letter no. 4881". Tradução de ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin:
A intimidade da correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 115.

Peter J. Bryant / University
of Califórnia, Irvine.

Experiências ruins com certa
comida nos ensinam a evitar pratos
parecidos. Para algumas aves, essa
escolha ficou mais fácil: duas espécies
de borboletas de sabor desagradável
desenvolveram coloração semelhante nas
asas. Assim, os predadores aprendem de
uma só vez a deixar ambas em paz. Fritz
percebeu a semelhança entre elas,
considerou que os pássaros são capazes
de aprender – o que não era consenso – e
atribuiu o fenômeno à seleção natural.
Também inovou ao usar a matemática
para explicar variações no tamanho de
uma população.

*Do artigo "Notável caso de semelhança adquirida entre as
borboletas", de Fritz Müller, publicado na Alemanha em 1881.
**Darwin Correspondence Project, "Letter no. 12090", tradução livre.

A natureza está cheia de
imitadores. Sabe quem
mais é bom nisso?

Ilustração de artigo
de Fritz | L. ilione

Ilustração de artigo de
Fritz | M. themisto

Ilustração de artigo
de Fritz | L. halia

Ilustração de artigo
de Fritz | P. euryanassa

Methona themisto

Methona themisto

Lycorea ilione

André Victor Lucci
Freitas / Unicamp

Lycorea ilione

André Victor Lucci
Freitas / Unicamp

Na sociedade dos cupins, cada
fêmea ou macho, igualmente, faz
sua parte como operário, soldado
ou reprodutor. Aliás, reprodutores
não faltam: além do casal real, há
eventuais “reservas”, que nunca
deixam o lar, e outros com asas para
voar e namorar parceiros de outras
colônias (afinal, diversificar os
genes é bom para a espécie). Quem
convive com eles sabe: a estratégia
é um sucesso! Essas e outras
descobertas de Fritz, o primeiro a
estudar cupins no Brasil, ajudaram
a conciliar as particularidades dos
insetos sociais com a seleção
natural décadas depois.

Ilustrações de Fritz para
uma palestra aos colonos
de Blumenau, em 1871:
soldados de espécies de
madeira seca, de solo e
arborícolas.

Essa rainha é
menor e nunca
desenvolveu
asas. Poucas
espécies a têm,
como a
Rhinotermes
marginalis
.

“Por alguns anos, tenho estado ocupado em
estudar a história natural de nossas térmitas, das
quais tive mais de uma dúzia de espécies vivas a
minha disposição. As diversas espécies diferem
muito mais em seus hábitos e em sua anatomia do
que em geral se supõe.”

(Fritz Müller a Charles Darwin, c. Jan./1874).*

*Darwin Correspondence Project, "Letter no. 9281". Tradução baseada em ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin:
A intimidade da correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 195.

Castas de Cornitermes
Cumulans
, espécie
aparentada a uma das
subterrâneas que Fritz
observou, Procornitermes
lespesii
. A rainha é grande
mesmo: 6cm!

E se as abelhas
tivessem um jornal?
Veja o que acontece
no mundo desses
outros insetos
sociais que Fritz
estudou.

Luiz Roberto Fontes

Luiz Roberto Fontes
(fotos modificadas)

O que é uma bromélia para você? Na floresta, suas mais de
3.500 espécies são abrigo, esconderijo, incubadora, palco,
base para construção, comedouro e alimento para cerca de
350 espécies de animais. Fritz, que se dedicou às bromélias
nos últimos anos de vida, descreveu ou relatou parte dessa
fauna pela primeira vez. Ela inclui uma perereca que carrega
os grandes ovos nas costas, um inseto voador cuja larva
constrói uma casa móvel na água e um minúsculo crustáceo
aquático que vive até no topo das árvores (e chega lá de
carona).

Ilustrações de Fritz.*

Elpidium bromeliarum

Walther Ishikawa / Planeta
Invertebrados (Imagem modificada)

Bromélia Vriesea
gigantea
num ipê-roxo.
Ilustração de Maria
Cristina Tonussi.

*Publicadas nos Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
**De "Sobre uma rã com ovos em seu dorso - Sobre a queda dos pelos nas pernas de certos tricópteros",
carta publicada na revista Nature, Inglaterra, em 1879.
***Darwin Correspondence Project, "Letter no. 11839". Tradução de ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin: A
intimidade da correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo : Sky/Anima, 1997. p. 214.

1-2- Abrigos e adulto de Phylloicus
bromeliarum
, enviados por Fritz ao
Museu Nacional e destruídos no
incêndio de 2018.
Luiz Roberto Fontes

Detalhe de foto de
Walther Ishikawa /
Planeta Invertebrados

Fritziana mitus

Vitor de Carvalho Rocha (Imagem modificada)

“Meu caro senhor, se bem me
recordo, já lhe falei sobre a
curiosa fauna que pode ser
encontrada entre as folhas de
nossa bromélias.”

(Fritz Müller a Charles Darwin,
21/01/1879).***

Ilustração a partir de imagem de Fritz.**

Quando insetos e aves se alimentam de pólen
e néctar e voam para a próxima flor, a planta
ganha uma ajuda na reprodução. Mas não é
fácil garantir uma parceria eficiente. Você
sabe: para um relacionamento dar certo, as
partes têm que se ajustar – e acabam
evoluindo juntas. Numa flor estreita e
profunda, como a dama-da-noite, Fritz
encontrou o que Darwin previa: uma mariposa
com uma língua enorme capaz de alcançar
seu néctar. Também reparou que as flores da
Lantana mudam de cor a cada dia para
sinalizar às borboletas quais são as mais novas
e recheadas: as amarelas.

*Darwin Correspondence Project, "Letter no. 11255F". Tradução de ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin: A
intimidade da correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 209.
**Do artigo "Probóscide capaz de sugar o néctar de Angraecum sesquipedale", publicado por Hermann
Müller na revista Nature, Inglaterra, em 1873, a partir de uma carta do irmão Fritz.

Danaus erippus, ilustração
de Maria Cristina Tonussi

kqedquest,
CC BY-NY 2.0.

Dama-da-noite (Ipomoea
alba
), rawpixel

Lantana, rawpixel.

Filhotes de antas e porcos com listras. Pupas de alguns tricópteros sem
franjas nas pernas, contrariando as expectativas. Não seriam todos
traços de ancestrais bem distantes? Características ancestrais podem
mesmo permanecer como vestígios ou reaparecer após muitas
gerações em indivíduos ou populações – só não existe a tendência a
esse retorno que Fritz e Darwin supunham. Conceitos se confundiam e
Fritz nem sempre tinha explicações certeiras. Mas tudo bem! Também
era com perguntas e suposições originais que ele abria caminhos para
a pesquisa de Darwin – e vice-versa.

“Seus fatos e a discussão sobre a perda dos
pelos dos tricópteros me parecem a coisa
mais importante e interessante que já li por
um bom tempo. [...] tenho estado intrigado
sobre este exato ponto por muitos anos.”

(Charles Darwin a Fritz Müller, 04/03/1879).*

*Darwin Correspondence Project, "Letter no. 11915". Tradução baseada em ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin:
A intimidade da correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 217.
**ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin: A intimidade da correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin, São
Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 215.

João Paulo Krajewski

Neusa Hamada

Neusa Hamada

Walther Ishikawa /
Planeta Invertebrados

Nós, humanos, também
trazemos marcas da evolução
no nosso corpo. Veja só!

Pode demorar para uma nova espécie surgir, mas não para um ecossistema se
transformar. Você percebe? Com frequência, Fritz via uma planta desaparecer
daqui, um animalzinho tomar o lugar de outro ali, após secas e enchentes ou
sem motivo aparente. Não questionava abertamente nosso papel nisso, embora
testemunhasse caças, desmatamentos e cidades crescendo. Era um homem do
século 19, quando nossos impactos e conhecimento eram menores. Se tivesse
vivido nos seguintes, certamente teria feito mais perguntas.

“ A paisagem em nossa ilha é muito bonita;
até viajantes que visitaram as ilhas do
Pacífico, Java etc. disseram-me que nossa
ilha era um dos lugares mais bonitos que
eles já vira. Infelizmente, agora a vegetação
perdeu muito do seu antigo esplendor; as
matas virgens quase que desapareceram
completamente, e muitos de nossos morros
são agora cobertos [...] [por] uma
insignificante Dodonaea.”

(Fritz Müller a Charles Darwin, 05/11/1865).**

*Darwin Correspondence Project, "Letter no. 4895", tradução livre.
**Darwin Correspondence Project, "Letter no. 4929A", tradução livre.

Chifres, focinho de porco, couraça de tatu, parecido com um
verme. Enorme! Você não o viu? No sul e no sudeste do Brasil,
alguns diziam ver uma criatura subterrânea que arrancava
araucárias, desviava rios e fazia a terra tremer. Em vez de ignorar
os relatos, Fritz os reuniu em um ousado artigo em alemão,
intitulado “O Minhocão”, em busca de esclarecimentos. Mesmo
com cautela, estava sempre atento e aberto ao novo. Nunca se
sabe o que se pode descobrir – a natureza é extraordinária! [Com
um pouco de imaginação, pode ficar ainda mais.].

*Do artigo "Der Minhocão", de Fritz Müller, publicado na Alemanha em 1877.
**Darwin Correspondence Project, "Letter no. 10954".
*/**Tradução de ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin: A intimidade da correspondência entre Fritz Müller e
Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 201.

O minhocão ainda está por
aí! Ouça os relatos recentes
da Dona Nilza.

(Charles Darwin a Fritz Müller, 10/08/1865).*

Foi assim, com o envio de trabalhos sobre trepadeiras e orquídeas
junto com suas primeiras cartas, que Darwin atraiu Fritz para a
botânica. Sim, Fritz se interessava! Acabou sendo o assunto sobre
o qual ele mais escreveu. Observava as plantas em suas
caminhadas e, assim como Darwin, fazia experimentos no jardim
de casa – muitos deles, a pedido do próprio amigo. Os dois
trocavam sementes e parte das enviadas por Fritz foi parar não só
nos canteiros e estufas de Darwin, mas também no Jardim
Botânico Real de Londres (Kew).

​Não sabemos se você também se interessa por plantas, mas caso
sim, aqui estão algumas das espécies a que Fritz se dedicou.

*Darwin Correspondence Project, “Letter no. 4881”, tradução livre.

Orquídeas: detalhes de fotos de Oscar Rivas
Beasley. In NASCIMENTO, Marcelo Vieira.
Orquídeas Nativas de Florianópolis. Edição do
Autor. 2. ed. rev. ampl., 2021. 576p. Prefeitura
Municipal de Florianópolis/ Fundação Cultural
de Florianópolis Franklin Cascaes.

Propriedade de Fritz Müller à margem do
Rio Itajaí-Açu, em Blumenau/SC. Esta foto é
de 1890-1893, quando ele ainda morava lá.

MÖLLER, Alfred (Ed.). Fritz Müller: Werke, Briefe und Leben,
vol. 3, Fritz Müllers Leben. Jena: Gustav Fisher, 1915. p. 141.

Conheça os jardins de Fritz Müller e
de Charles Darwin.

E um bônus: o Jardim Botânico Real de
Londres (Kew), que tem uma ligação
especial com os dois.

Siga pela trilha (sonora) de Fritz, experimente um pouco das
suas sensações e transporte-se para uma Santa Catarina
parecida com a que ele conheceu, quando a província toda
tinha a população de um único município de hoje*. Que tal
ouvi-la enquanto caminha pela cidade ou viaja?

Escolha uma faixa e imerja numa
paisagem sonora da Mata Atlântica,
com todos os sons dessa floresta
exatamente como ela é, em
diferentes momentos do dia.

Patrocínio

Logo FCFCC

Apoio Cultural

Logo Beiramar Logo Flex

Parceria

Logo SBPC Logo UFSC Logo UDESC Logo Consulado Alemanha Logo Embaixada Britânica

Produção

Logo Glória

Realização

Logo FM200anos

Produto cultural totalmente patrocinado pelo município de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.

Créditos

CONCEITO, CURADORIA E TEXTOS
Paula Gargioni

PRODUÇÃO
Glória Weissheimer

DESIGN GRÁFICO E WEB DESIGN
Janaina da Silva (Studio Flô)

DESIGN DOS EXPOSITORES
Glaucio Campelo e Atsuhiko Hiratzuka para a
Bienal Brasileira de Design 2015 Floripa. Uso autorizado.


ASSESSORIA E REVISÃO DE CONTEÚDO
- UFSC

Alberto Lindner
Allisson Jhonatan Gomes Castro
Andrea Green Koettker
Andrea Marrero
Fernanda Maria Cordeiro de Oliveira
Guilherme Renzo Rocha Brito
Josefina Steiner
Juliana de Paula-Souza
Luiz Carlos de Pinho
Mario Steindel
Suzana Alcantara

- COLABORADORES
André Victor Lucci Freitas (Unicamp)
Luiz Roberto Fontes


REVISÃO TEXTUAL
Vilca Merízio

TRADUÇÃO (Português-Inglês)
Cheris Williams

ÁUDIO
Sintia Girardi - Narração
Vitelli Music - Gravação e edição
Vitelli Publisher - Produção


REDES SOCIAIS
naina da Silva (Studio Flô)

ASSESSORIA DE IMPRENSA
M. Bertelli

COORDENAÇÃO Grupo Desterro Fritz Müller / Charles Darwin 200 anos
Marcondes Marchetti (Coordenador Geral)
Mário Steindel (Coordenador Científico)


AGRADECIMENTOS

Alvaro Esteves Migotto (USP)
Ana Maria Ludwig Moraes
Ana Maria Pes (INPA-COBio)
André Pereira do Amaral
André Carrara Morandini (USP)
Bem Eventos
Eileen McManus (Kew Gardens)
Eimear Nic Lughadha (Kew Gardens)
Gustavo Pinto de Araújo (UDESC)
Inga Fraser (English Heritage)
João Paulo Krajewski
Juceli Terezinha Costa
Laura Tuyama (TV UFSC)
Lauro Eduardo Bacca
Luiz Bernardes
Maria Cristina da Rosa Fonseca da Silva (UDESC)
Maria Cristina Tonussi
Michael Delaney (Consulado Honorário do Reino Unido em Santa Catarina)
Neusa Hamada (INPA)
Peter J. Bryant (University of California, Irvine)
Quiosque Estimada
Rizoma Art Design
Roberta Bonaldo
Sell Vídeo Produções/Nova Era TV - Lages
Selvino Neckel de Oliveira (UFSC)
The Darwin Correspondence Project at Cambridge University Library
Vítor de Carvalho Rocha
Walther Ishikawa (Planeta Invertebrados)

Alunos-monitores da UFSC.

Todos os incentivadores do projeto por meio da Lei
Municipal de Incentivo à Cultura de Florianópolis.



Manutenção do site da exposição virtual:
Projeto Scientia Amabilis - SC/FAPESC & UFSC

imprensa

Siga-nos!

@fritzmuller200anos

Entre em contato:

mullerfritz200@gmail.com

logo SAL logo Fapesc