Produto cultural totalmente patrocinado pelo município de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.


Fritz Müller completaria 200 anos em 2022. Esse naturalista
e biólogo que viveu em Santa
Catarina
durante 45 anos, nas
atuais Blumenau e Florianópolis, não é celebrado somente
como precursor
da
Ecologia e autor de mais de 250
trabalhos sobre a fauna e a flora catarinenses. Ele também
se
tornou conhecido como um dos principais colaboradores
do britânico Charles Darwin, com quem se
correspondeu
por 17 anos.
Darwin dizia que eles tinham mentes parecidas e que sua
opinião era uma das que mais valorizava.
Segundo seu filho
Francis Darwin, entre os amigos que o pai nunca encontrou
pessoalmente,
Fritz
parecia ser seu predileto. A recíproca era
verdadeira: Fritz o considerava um segundo
pai.
Em diversos sentidos, Darwin mudara o mundo de Fritz.
Desde que conhecera a ideia,
recém-apresentada
por
Darwin, de que toda a vida na Terra evoluía pela seleção
natural, Fritz nunca mais veria
a
natureza da mesma
maneira. Detalhes a que ele era indiferente passaram a ser
notados e
ganharam
novos significados. Ele concordava
com o amigo: a história natural estava se tornando
extraordinariamente atraente! Esse novo olhar que abraçara,
e, que viria a transformar a ciência
e a sociedade, motivou-o
e mudou o rumo de suas pesquisas por toda a vida.

Esta é uma história sobre a abertura de um naturalista do
século 19 a uma nova ideia que
transformou
seu olhar, a
natureza repleta de conexões no espaço e no tempo e uma
parceria a distância –
sem
internet. Uma história para estes
tempos que nos exigem, mais do que nunca, repensar,
experimentar,
reconhecer que dependemos uns dos outros
e colaborar.
Conheça as interessantes vida e obra de Fritz Müller e sua
especial parceria com Charles
Darwin.
Explore a fascinante natureza catarinense pelo olhar de
Fritz, à luz das ideias de
Darwin.
Descubra a importância histórica de um dos locais mais
movimentados de
Florianópolis.
O trivial pode se tornar, de repente,
extraordinário!

Ouça a apresentação.





Conheça as interessantes vida e obra do naturalista Fritz Müller em Santa Catarina e sua extraordinária parceria com Charles Darwin.




*Darwin Correspondence Project, "Letter no. 4929A". Tradução
de ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin:
A intimidade da correspondência entre Fritz Müller e Charles
Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 125.




Quer ouvir ou ler essa história completa?



Ilustração do livro Variation of Animals and
Plants
Domestication, Charles Darwin (1868).
Detalhe modificado de "Charles
Darwin",
John Collier, 188
Charles Dessalines
D'Orbigny, rawpixel.
Nate D. Sanders Auctions.
Frederick Sander, The
New York Public Library,
rawpixel.
Detalhe de "HMS Beagle in the Straits
of
Magellan", R. T. Pritchett, 1890.
Pierre-Joseph Redouté, Library of Congress, rawpixel.



Darwin não foi o primeiro a dizer que as
espécies evoluíam, mas a explicar como isso
acontecia:
propôs que a seleção natural era o
principal mecanismo, e que ela incluía a nós,
humanos.
Sua proposta foi apresentada em A
Origem das Espécies (1859) e explorada nas
obras
seguintes,
com temas tão variados como a
origem do homem, a domesticação de animais
e plantas, a
expressão
das emoções e minhocas.
Os indivíduos de uma espécie sempre são um pouquinho diferentes
uns dos outros. Como todos
os que competem por recursos, aqueles
com características vantajosas num certo meio têm maior
chance de
sobreviver e, ao se reproduzirem, transmitem-nas às próximas
gerações. Se uma
população
cresce, se migra e interage com
outros seres, ou se o ambiente muda, outros atributos podem
se
tornar relevantes. Assim, as espécies se modificam e a diversidade
aumenta – por uma lei da
natureza, independente de qualquer
intenção.
Sabe o que mais? Você, a batata e todos os seres vivos do planeta
têm um ancestral comum, na
base da árvore da vida.

Sabe por quais
outros mecanismos
as espécies se
modificam?
(Descubra o que
eles têm
a ver com
Darwin e com
você.)

Esquema de Darwin
em A Origem das
Espécies
(1859).
Darwin não estudou fungos, algas, protozoários e
bactérias.
Esquema baseado na árvore da vida
elaborada por The Open University.

Quando Fritz teve contato com A origem das
Espécies,
seu olhar sobre a natureza se transformou, e Darwin
ganhou um grande colaborador até o fim da
vida.
Tornaram-se amigos e mantiveram contato durante 17
anos, virtualmente - como você deve ter
feito
ultimamente, só que sem internet.


Você tem ideia de
como era o mundo
em que Fritz e
Darwin viviam?
Descubra com
este quiz.


Carta de Fritz Müller, 16/01/1872 (DAR 142:55).

Anexo de carta de Fritz Müller,
14/06/1871 (DAR
142:58).

1-8, Imagens reproduzidas com a gentil permissão
dos Síndicos
da Biblioteca da
Universidade de Cambridge.
1-8, Images reproduced by kind permission of the Syndics of Cambridge University
Library.
3-8, Imagens encontradas por meio da pesquisa de Ana Maria Ludwig Moraes
*Darwin Correspondence Project . “Letter no.7889”, Tradução livre.
**Darwin Correspondence Project . “Letter no.5196”.
Tradução de ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin: A intimidade da correspondência entre
Fritz
Müller
e Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p.133


Não se faz ciência sozinho. No século 19, havia
sociedades científicas,
conferências, convivência em
universidades, publicações, visitas em casa e muita
correspondência.
Darwin se correspondia com cerca
de 2.000 colaboradores, alguns dos quais em
comum com
Fritz.


Sabe do que mais
depende um (futuro)
cientista? Veja quanta
coisa contribuiu para
os feitos científicos de
Fritz e de Darwin!
1. Hermann Müller. Retrato de Gundolf Barenthin, CC BY 2.5.
2. Max Schultze. Pagel JL: Biographisches Lexikon hervorragender Ärzte des neunzehnten
Jahrhunderts.
Berlin-Wien: Urban & Schwarzenberg, 1901.
3. Mary Treat. Retrato da Sociedade Histórica e Antiquária de Vineland, 1920.
4. Ernst Haeckel. Fotogravura a partir de F. Haack, Wellcome Collection | CC BY 4.0.
5. Asa Gray. Retrato de John A. Whipple, University of South Carolina, 1864.
6. Alexander Agassiz. Biblioteca Ernst Mayr do Museu de Zoologia Comparada, Universidade de Harvard,
c. 1860.
7. Louis Agassiz. William Shaw Warren, c.1865.
8. Fritz Müller, 1877. MÖLLER, A. Fritz Müller: Werke, Briefe und Leben. Vol. 3. Jena: Gustav
Fischer, 1920. p. 108.
9. Charles Darwin. Retrato de Leonard Darwin.
10. Joseph Hooker. Litografia de Thomas Herbert Maguire, 1851. Wellcome Collection | CC BY 4.0.
11. Charles Lyell. Gravura de William Henry. Wellcome Collection | CC BY 4.0.
12. Thomas Huxley. Retrato do Studio Elliott & Fry, c. 1880.
13. Alfred Wallace. Retrato de Sims, 1889. Wellcome Collection | CC BY 4.0.


Embora se chocassem com as crenças de muita gente,
as
ideias
de Darwin encontravam cada vez mais apoiadores,
como Fritz. Na ciência, porém, apoia-se com
cautela:
o que
faz sentido é investigado mais a fundo. Buscam-se provas
tanto quanto se consideram
fatos que
podem mudar tudo.
Com as contribuições dos colegas, a teoria de Darwin foi
revisada por ele
mesmo
diversas vezes - e continua a ser
atualizada, sobretudo, com as descobertas da genética, que
eles não
conheciam.


*Darwin Correspondence Project, "Letter no. 6662", tradução livre.
As seis edições
em inglês de A
Origem das
Espécies
(1859-1872).
Wellcome Library, London.
Wellcome Images | CC
BY 4.0.




Entendemos como as
bactérias se tornam
resistentes aos
antibióticos, como as
variantes de um vírus
aparecem e muito mais
sobre a vida na Terra.
"Coming in from the fields",
George Laugée
(1853 - 1937).
O Cortiço, Aluísio
Azevedo, 1890.
Surgiu o
movimento
naturalista na
literatura,
no teatro
e nas artes plásticas,
influenciado por
teorias científicas
do século 19.
Tentou-se aplicar as ideias de Darwin à
sociedade:
o
“darwinismo social”, que
acabou sendo usado para justificar a
eugenia, o racismo e o
imperialismo,
por exemplo.
Mas não era disso que Darwin falava!
Dictionnaire pittoresque d´histoire naturelle et des
phénomènes de la nature, F. E. Guerin,
1833.
Compreendemos melhor nosso
poder de modificar
espécies pela
domesticação. (Darwin também
escreveu sobre isso).


Fritz ampliou e difundiu o conhecimento
sobre a Mata
Atlântica,
inaugurou a Ecologia
na prática antes de ela receber um nome e foi
um dos primeiros e mais
dedicados
cientistas
a fornecer fatos para validar e aperfeiçoar as
ideias evolucionistas de Darwin.
Essas
ideias
foram uma revolução no Ocidente: tornaram-
se a base de todas as ciências da vida e
influenciaram as
ciências humanas, a
espiritualidade, a política e até a arte.
Ao fundo: detalhe de A criação de Adão, Michelangelo, c. 1508-1511
Conhecemos uma nova explicação sobre
de onde
viemos – por ela,
nós, humanos
deixamos de ser tão especiais.
A Ecologia, especialidade que trata da
relação dos seres
vivos entre si e
com
o meio, desenvolveu-se.





Você tem reconhecido as pessoas que admira, que lhe inspiram,
contribuem para suas conquistas ou fazem sua vida melhor?
Que tal deixá-las um pouco mais felizes
hoje? Envie
um
cartão virtual para essas
pessoas extraordinárias.
Trechos de cartas diversas extraídos de ZILLIG, C.
Dear Mr. Darwin: A intimidade da
correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo:
Sky/Anima, 1997.


Explore a extraordinária
natureza catarinense
pelo olhar do naturalista
Fritz Müller, repleta de
conexões no espaço e
no tempo, à
luz das
ideias de Charles
Darwin. Descubra o que
a Av. Beira-Mar Norte,
em Florianópolis, tem a
ver com essa história.







As águas-vivas da Ilha de Santa
Catarina podem
surpreender.
Não só
quando nos tocam sem aviso ou as
mais raras aparecem, mas também
por sua beleza,
longos tentáculos,
corpos com até 1 metro de diâmetro
ou... seus olhos! – em algumas,
parecidos com os nossos. Fritz as
descreveu, classificou, desenhou,
nomeou e nos deu novos
motivos para
prestarmos atenção nelas. Assim era a
sua pesquisa antes de conhecer
Darwin,
que logo tomaria um novo
rumo.
* Do artigo «Duas novas medusas de
Santa Catarina,
Tamoya
haplonema
e quadruman», de Fritz Müller,
publicado na atual Alemanha em 1859.
** Do artigo «Pólipos e medusas de
Santa Catarina - Olindias sambaquiensis
n. sp», de Fritz Müller, publicado na
atual Alemanha em 1861.


Chiropsalmus
quadrumanus e um
dos
seus
oito olhos,
com lente e íris. Fritz
só viu três delas em
dois anos.

Álvaro E. Migotto/US
Ándré C. Morandini/USP
Ilustrações de Fritz.
Álvaro E. Migotto/USP

Ilustração de Fritz.
Olindias Sambaquiensis.
De vez em quando,
ela
esbarra em um banhista
por aí. Ops! É um acidente,
não um ataque.
Álvaro E. Migotto/USP
Tamoya
haplonema, também com
olhos.
Dessas,
Fritz podia
encontrar mais de uma
dúzia por dia.


Cada ser vivo carrega um pouco da
história de
seus
antepassados – na forma
como selecionam parceiros, na sua
respiração, nas semelhanças entre
suas
larvas. Ao buscar a dos crustáceos na
Praia de Fora (atual Beira-Mar Norte, em
Florianópolis), Fritz descobriu relações de
parentesco e partes do corpo que a
seleção
natural
previa ou explicava. Não é
maravilhoso quando tudo faz sentido? As
novas ideias de Darwin,
testadas ali pela
primeira vez, ganharam força com essas
evidências, publicadas no livro
Für
Darwin (1864).






*MÜLLER, Fritz. Para Darwin = Für Darwin,
1864.
Traduzido do alemão por Luiz Roberto Fontes e Stefano
Hagen. 2. ed. rev. ampl. Florianópolis:
Editora da UFSC, 2017.
**Darwin Correspondence Project, "Letter no. 4881". Tradução de ZILLIG, Cezar. Dear Mr.
Darwin:
A intimidade da correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima,
1997. p. 115.

Peter J. Bryant / University
of Califórnia,
Irvine.


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Experiências ruins com certa
comida nos
ensinam a
evitar pratos
parecidos. Para algumas aves, essa
escolha ficou mais fácil: duas
espécies
de borboletas de sabor desagradável
desenvolveram coloração semelhante
nas
asas. Assim, os predadores aprendem de
uma só vez a deixar ambas em paz. Fritz
percebeu a semelhança entre elas,
considerou que os pássaros são capazes
de
aprender – o que não era consenso – e
atribuiu o fenômeno à seleção natural.
Também
inovou ao usar a matemática
para explicar variações no tamanho de
uma população.
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*Do artigo "Notável caso de semelhança adquirida
entre as
borboletas", de Fritz Müller, publicado na Alemanha em 1881.
**Darwin
Correspondence Project, "Letter no. 12090", tradução livre.
A natureza está cheia de
imitadores. Sabe quem
mais é bom nisso?
Ilustração de artigo
de Fritz | L.
ilione
Ilustração de artigo de
Fritz | M.
themisto
Ilustração de artigo
de Fritz | L.
halia
Ilustração de artigo
de Fritz | P.
euryanassa
Methona themisto
Methona themisto
Lycorea ilione
André Victor Lucci
Freitas / Unicamp
Lycorea ilione
André Victor Lucci
Freitas / Unicamp


Na sociedade dos cupins, cada
fêmea ou macho,
igualmente,
faz
sua parte como operário, soldado
ou reprodutor. Aliás, reprodutores
não faltam: além
do casal real, há
eventuais “reservas”, que nunca
deixam o lar, e outros com asas para
voar
e namorar parceiros de outras
colônias (afinal, diversificar os
genes é bom para a espécie).
Quem
convive com eles sabe: a estratégia
é um sucesso! Essas e outras
descobertas de
Fritz,
o primeiro a
estudar cupins no Brasil, ajudaram
a conciliar as particularidades dos
insetos
sociais com a seleção
natural décadas depois.



Ilustrações de Fritz para
uma palestra aos
colonos
de Blumenau, em 1871:
soldados de espécies de
madeira seca, de solo e
arborícolas.


Essa rainha é
menor e nunca
desenvolveu
asas. Poucas
espécies a têm,
como a
Rhinotermes
marginalis.
“Por alguns anos, tenho estado ocupado em
estudar
a
história natural de nossas térmitas, das
quais tive mais de uma dúzia de espécies vivas
a
minha disposição. As diversas espécies diferem
muito mais em seus hábitos e em sua
anatomia do
que em geral se supõe.”
(Fritz Müller a Charles Darwin, c. Jan./1874).*
*Darwin Correspondence Project, "Letter no.
9281". Tradução baseada em ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin:
A intimidade da
correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 195.
Castas de Cornitermes
Cumulans, espécie
aparentada
a uma das
subterrâneas que Fritz
observou, Procornitermes
lespesii. A rainha é
grande
mesmo: 6cm!
E se as abelhas
tivessem um jornal?
Veja o
que acontece
no mundo desses
outros insetos
sociais que Fritz
estudou.

Luiz Roberto Fontes
Luiz Roberto Fontes
(fotos modificadas)


O que é uma bromélia para você? Na floresta, suas mais de
3.500 espécies são abrigo, esconderijo, incubadora, palco,
base para construção, comedouro
e alimento para cerca de
350 espécies de animais. Fritz, que se dedicou às bromélias
nos
últimos anos de vida, descreveu ou relatou parte dessa
fauna pela primeira vez. Ela
inclui uma perereca que carrega
os grandes ovos nas costas, um inseto voador cuja larva
constrói uma casa móvel na água e um minúsculo crustáceo
aquático que vive até no topo
das árvores (e chega lá de
carona).

Ilustrações de Fritz.*

Elpidium bromeliarum
Walther Ishikawa / Planeta
Invertebrados (Imagem
modificada)
Bromélia Vriesea
gigantea num ipê-roxo.
Ilustração de Maria
Cristina Tonussi.
*Publicadas nos Archivos do Museu Nacional do Rio
de Janeiro.
**De "Sobre uma rã com ovos em seu dorso - Sobre a queda dos pelos nas pernas
de certos tricópteros",
carta publicada na revista Nature, Inglaterra, em 1879.
***Darwin Correspondence Project, "Letter no. 11839". Tradução de ZILLIG, Cezar. Dear
Mr. Darwin: A
intimidade da correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin, São
Paulo
: Sky/Anima, 1997. p. 214.

1-2- Abrigos e adulto de Phylloicus
bromeliarum,
enviados por Fritz ao
Museu Nacional e destruídos no
incêndio de 2018.
Luiz Roberto Fontes
Detalhe de foto de
Walther Ishikawa /
Planeta
Invertebrados

Fritziana mitus
Vitor de Carvalho Rocha (Imagem modificada)

“Meu caro senhor, se bem me
recordo, já lhe
falei sobre a
curiosa fauna que pode ser
encontrada entre as folhas de
nossa bromélias.”
(Fritz Müller a Charles Darwin,
21/01/1879).***
Ilustração a partir de imagem de Fritz.**





Quando insetos e aves se alimentam de pólen
e néctar
e
voam para a próxima flor, a planta
ganha uma ajuda na reprodução. Mas não é
fácil
garantir uma parceria eficiente. Você
sabe: para um relacionamento dar certo, as
partes
têm que se ajustar – e acabam
evoluindo juntas. Numa flor estreita e
profunda, como a
dama-da-noite, Fritz
encontrou o que Darwin previa: uma mariposa
com uma língua enorme
capaz de alcançar
seu néctar. Também reparou que as flores da
Lantana mudam de cor a
cada dia para
sinalizar às borboletas quais são as mais novas
e recheadas: as amarelas.
*Darwin Correspondence Project, "Letter no.
11255F". Tradução de ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin: A
intimidade da correspondência
entre Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 209.
**Do artigo "Probóscide capaz de sugar o néctar de Angraecum sesquipedale", publicado por
Hermann
Müller na revista Nature, Inglaterra, em 1873, a partir de uma carta do irmão Fritz.
Danaus erippus, ilustração
de Maria Cristina
Tonussi
kqedquest,
CC BY-NY 2.0.
Dama-da-noite (Ipomoea
alba), rawpixel
Lantana, rawpixel.





Filhotes de antas e porcos com listras. Pupas de
alguns
tricópteros sem
franjas nas pernas, contrariando as expectativas. Não seriam todos
traços de
ancestrais bem distantes? Características ancestrais podem
mesmo permanecer como vestígios
ou reaparecer após muitas
gerações em indivíduos ou populações – só não existe a tendência
a
esse retorno que Fritz e Darwin supunham. Conceitos se confundiam e
Fritz nem sempre tinha
explicações certeiras. Mas tudo bem! Também
era com perguntas e suposições originais que ele
abria caminhos para
a pesquisa de Darwin – e vice-versa.
“Seus fatos e a discussão sobre a perda dos
pelos
dos tricópteros me parecem a coisa
mais importante e interessante que já li por
um bom
tempo. [...] tenho estado intrigado
sobre este exato ponto por muitos anos.”
(Charles Darwin a Fritz Müller, 04/03/1879).*
*Darwin Correspondence Project, "Letter no. 11915".
Tradução baseada em ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin:
A intimidade da correspondência entre
Fritz Müller e Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 217.
**ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin: A intimidade da correspondência entre Fritz Müller e
Charles Darwin, São
Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 215.
João Paulo Krajewski
Neusa Hamada
Neusa Hamada
Walther Ishikawa /
Planeta Invertebrados
Nós, humanos, também
trazemos marcas da
evolução
no nosso corpo. Veja só!



Pode demorar para uma nova espécie surgir, mas não
para um ecossistema se
transformar. Você percebe? Com frequência, Fritz via uma
planta desaparecer
daqui, um animalzinho tomar o lugar de outro ali, após secas e
enchentes ou
sem motivo aparente. Não questionava abertamente nosso papel nisso,
embora
testemunhasse caças, desmatamentos e cidades crescendo. Era um homem do
século 19, quando nossos impactos e conhecimento eram menores. Se tivesse
vivido
nos seguintes, certamente teria feito mais perguntas.


“ A paisagem em nossa ilha é muito bonita;
até
viajantes que visitaram as ilhas do
Pacífico, Java etc. disseram-me que nossa
ilha era um dos lugares mais bonitos que
eles já vira. Infelizmente, agora a
vegetação
perdeu muito do seu antigo esplendor; as
matas virgens quase que
desapareceram
completamente, e muitos de nossos morros
são agora cobertos
[...] [por] uma
insignificante Dodonaea.”
(Fritz Müller a Charles Darwin, 05/11/1865).**
*Darwin Correspondence Project, "Letter
no. 4895", tradução livre.
**Darwin Correspondence Project, "Letter no. 4929A", tradução livre.




Chifres, focinho de porco, couraça de tatu, parecido com
um
verme. Enorme! Você não o viu? No sul e no sudeste do Brasil,
alguns diziam ver uma
criatura subterrânea que arrancava
araucárias, desviava rios e fazia a terra tremer. Em vez
de ignorar
os relatos, Fritz os reuniu em um ousado artigo em alemão,
intitulado “O
Minhocão”, em busca de esclarecimentos. Mesmo
com cautela, estava sempre atento e aberto
ao novo. Nunca se
sabe o que se pode descobrir – a natureza é extraordinária! [Com
um
pouco de imaginação, pode ficar ainda mais.].


*Do artigo "Der Minhocão", de Fritz Müller, publicado
na Alemanha em 1877.
**Darwin Correspondence Project, "Letter no. 10954".
*/**Tradução de ZILLIG, Cezar. Dear Mr. Darwin: A intimidade da correspondência entre
Fritz Müller e
Charles Darwin, São Paulo: Sky/Anima, 1997. p. 201.
O minhocão ainda está por
aí! Ouça os
relatos recentes
da Dona Nilza.

(Charles Darwin a Fritz Müller, 10/08/1865).*
Foi assim, com o envio de trabalhos
sobre trepadeiras e orquídeas
junto com suas primeiras cartas, que Darwin atraiu Fritz
para a
botânica. Sim, Fritz se interessava! Acabou sendo o assunto sobre
o qual ele mais
escreveu. Observava as plantas em suas
caminhadas e, assim como Darwin, fazia experimentos
no jardim
de casa – muitos deles, a pedido do próprio amigo. Os dois
trocavam sementes e
parte das enviadas por Fritz foi parar não só
nos canteiros e estufas de Darwin, mas
também no Jardim
Botânico Real de Londres (Kew).
Não sabemos se você também se interessa por plantas, mas caso
sim, aqui estão algumas
das espécies a que Fritz se dedicou.
*Darwin Correspondence Project, “Letter no. 4881”, tradução livre.


Orquídeas: detalhes de fotos de Oscar
Rivas
Beasley. In NASCIMENTO, Marcelo Vieira.
Orquídeas Nativas de Florianópolis. Edição do
Autor. 2. ed. rev. ampl., 2021. 576p. Prefeitura
Municipal de Florianópolis/ Fundação
Cultural
de Florianópolis Franklin Cascaes.


Propriedade de Fritz Müller à margem do
Rio Itajaí-Açu, em Blumenau/SC. Esta foto é
de 1890-1893, quando ele ainda morava lá.
MÖLLER, Alfred (Ed.). Fritz Müller:
Werke, Briefe und Leben,
vol. 3, Fritz Müllers Leben. Jena: Gustav Fisher, 1915. p. 141.
Conheça os jardins de Fritz
Müller e
de Charles Darwin.
E um bônus: o Jardim Botânico
Real de
Londres (Kew), que tem uma ligação
especial com os dois.

Siga pela trilha (sonora) de Fritz, experimente
um pouco das
suas sensações e transporte-se para uma Santa Catarina
parecida com a que ele
conheceu, quando a província toda
tinha a população de um único município de hoje*. Que tal
ouvi-la enquanto caminha pela cidade ou viaja?




Escolha uma faixa e imerja numa
paisagem
sonora da Mata Atlântica,
com todos os sons dessa floresta
exatamente como ela é, em
diferentes momentos do dia.
Patrocínio

Apoio Cultural


Parceria





Produção

Realização

Produto cultural totalmente patrocinado pelo município de Florianópolis por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.
Créditos
CONCEITO, CURADORIA E TEXTOS
Paula Gargioni
PRODUÇÃO
Glória Weissheimer
DESIGN GRÁFICO E WEB DESIGN
Janaina da Silva (Studio Flô)
DESIGN DOS EXPOSITORES
Glaucio Campelo e Atsuhiko Hiratzuka para a
Bienal Brasileira de Design 2015 Floripa. Uso autorizado.
ASSESSORIA E REVISÃO DE CONTEÚDO
- UFSC
Alberto Lindner
Allisson Jhonatan Gomes Castro
Andrea Green Koettker
Andrea Marrero
Fernanda Maria Cordeiro de Oliveira
Guilherme Renzo Rocha Brito
Josefina Steiner
Juliana de Paula-Souza
Luiz Carlos de Pinho
Mario Steindel
Suzana Alcantara
- COLABORADORES
André Victor Lucci Freitas (Unicamp)
Luiz Roberto Fontes
REVISÃO TEXTUAL
Vilca Merízio
TRADUÇÃO (Português-Inglês)
Cheris Williams
ÁUDIO
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Vitelli Music - Gravação e edição
Vitelli Publisher - Produção
REDES SOCIAIS
naina da Silva (Studio Flô)
ASSESSORIA DE IMPRENSA
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Grupo Desterro Fritz Müller / Charles Darwin 200 anos
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AGRADECIMENTOS
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Ana Maria Ludwig Moraes
Ana Maria Pes (INPA-COBio)
André Pereira do Amaral
André Carrara Morandini (USP)
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Eimear Nic Lughadha (Kew Gardens)
Gustavo Pinto de Araújo (UDESC)
Inga Fraser (English Heritage)
João Paulo Krajewski
Juceli Terezinha Costa
Laura Tuyama (TV UFSC)
Lauro Eduardo Bacca
Luiz Bernardes
Maria Cristina da Rosa Fonseca da Silva (UDESC)
Maria Cristina Tonussi
Michael Delaney (Consulado Honorário do Reino Unido em Santa Catarina)
Neusa Hamada (INPA)
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